11 de dezembro de 2011

Nisso.

Foi te amando que o amor se desfez.
O amor que , para mim, nos sonhos da infância sempre fora aquela doação inigualável , desiludiu-se.
Não que eu não te ame, só não queria que o amor se trasformasse nisso.
Os teus espinhos arranharam minhas veias tão belamente bordadas.
Os teus outros contratempos encalcam sobre mim, fazendo que palanque que ocupavas em meu coração desabasse e fostes a um lugar aquém.
Não que eu não te ame, só não queria que o amor se trasformasse nisso.
Culpo-me tentando resgatar aquele fulgor de outrora, mas bem que avisei e não te importastes .
Meu bem, eu avisei.
A dissertaçao do amor que para ti se resume proximo de nada, sempre fora uma afirmativa que me voltavas. E me inquetavas.
Quantas vezes ao teu lado estive sozinha .
Conseguistes trasnformar a minha entrega em um episodio a ser rasgado.


Sem culpas nem desgravos, por favor.

...
Não que eu não te ame, só não queria que o amor se trasformasse nisso. Nisso .

4 de novembro de 2011

Nosso estranho amor

A frouxidão de suas mãos sobre a minha é o que me estranha no seu oculto amor.

25 de setembro de 2011

Fim

"Coração bate dentro do meu peito
Mas bate sem compasso, nem jeito" (C.A.)



As mãos desencontram-se,
Os olhares vagos na saudade,
Aquela timidez peremptória,
A preocupação pela abundante falta de intimidade,
Veis perdidas no contexto,
Os corações abismados,
Lábios descaminham no ar,
As carícias esquecidas,
Os abraços estampados socialmente,
as palavras soltas preenchendo o silêncio da paixão,
ocultadas pelas magoas de dois amantes desentendidos,
E o amor?

O desamor.



"O fogo ilumina muito,
por muito pouco tempo
Por muito pouco tempo,
em muito pouco tempo
O fogo apaga tudo..."










Quando os olhos não mais se entendem,
o que fazer com o amor?

4 de setembro de 2011

Contorção do amor

Os corpos se encaixam, os corações se atritam.
Eis o abismo do amor.
(Mariana Lopes)

4 de agosto de 2011

O ápice da felicidade encontrada dentre os amores perdidos de amor
é a certeza dos olhos.









É tão bom quando teus olhos ,perdidamente, amam-me.

3 de agosto de 2011

But I love, love you

Ás vezes, sinto o refutar do sopro que me respondes ao dizer que também me amas.O Também da obrigação.
Como se o seu sentir devesse lutar contra a barreira de ar para aos meus ouvidos chegar.
Como se meus olhos fossem chamas a te queimar e ,então, para baixo recua o olhar num ímpeto de resgatar força alguma para pronunciá-las.
Dói a mim mais a sonoridade acanhada e incerta destas a teu próprio silêncio.







Às vezes,

16 de julho de 2011

"Porque eu sei que é amor,

eu não peço nada em troca"





Essa minha mania de conjurar ao amor deliberadamente dilacera-me.
És um poço infinito e transbordante em meu peito. Sou somente uma garoa em tua mente.
És o motivo de meus olhares ao céu, enquanto descaminhamos pela terra serena.
Todavia, amar-te-ei sobre o eterno (mais do que me pertmitires).







Amar-te-ei além...

29 de junho de 2011

Despertou fatalmente.

"Onde aprender a odiar para não morrer de amor?"
(Clarice Lispector)







Já era amor antes de sermos.
O amor era, já, antes de sabermos amar.

(Mariana Lopes)

28 de junho de 2011

Tangente a mim

"Como fosse um par que nessa valsa triste se desenvolvesse ao som dos bandolins
E como não, e por que não dizer que o mundo respirava mais se ela apertava assim?
Seu colo como se não fosse um tempo em que já fosse impróprio se dançar assim (...)"










Ao som dos bandolins,
traço, às avessas, o caminho guiado pelas pegadas divinas
a fim de deparar-me com a eterna esperada felicidade,
na dança ritmo ironizada da vida.
(Mariana Lopes)

22 de junho de 2011

O clamor dos lábios

"Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita,
e o beijo tácito, e a sede infinita"
(Carlos Drummond de Andrade)




A mim,
é de tanto agrado quando, entre conversas corriqueiras feitas pra selar o dia, nossos lábios vão vagarosamente- todavia, ardentemente- suavizando-se.
Uma palavra, um toque; uma palavra, um deleite...Como num súbito estranhamento de quem já se conhece, mas precisam reconhecer-se; apalparem-se com a finalidade do aguçamento pertencente aos dois amantes e únicos entendedores.
Até que tais vocábulos sucumbem ao poder da paixão impetuosa e esquecidos são, para o momento em que os lábios , em plena brandura, não mais se clamarem.
(Mariana Lopes)

13 de junho de 2011

" (...) E ter esta sede






era a própria água deles. "
(Clarice Lispector)

Serei se me permitires

É essa minha mania de caçar palavras ou gestos que demonstrem seus sentimentos, às vezes, tão sutis a minha expansiva recepção; tão distantes ao alcance de minhas vênulas, que me entristecem.
É essa minha mania de te querer para o sempre que me prende na insegurança de um dia olhar para o chão e enchergar minha sombra solitária.
É essa minha mania constante de tentar, até no meu andar, explicitar-te todos os meus evasivos sentimentos por ti que te cobra tributariamente um pouco mais de sede pela paixão.
Peço-te o desagravo pela minha intensidade. Tua companheira serei, todavia não esqueçáis de querer-me, eternamente, como tua mulher pois , só assim, seremos protagonistas de um amor teatral envolto de aplausos harmônicos.
(Mariana Lopes)



Ademais, uma pitada de Chico :
"(...)E agora que cheguei eu quero a recompensa,
Eu quero a prenda imensa dos carinhos teus"

24 de maio de 2011

"Ainda bem

Que você vive comigo...




...Entre tantos anos, entre tantos séculos"














Prendi-te do lado esquerdo, bem ali, aqui.
Amarrei minhas mãos sob o calor das suas,
Enlacei seus olhos em meu caminhar.
Invadiu-me com permissão.
Foi equilibrando meus contornos em seu corpo que delineei o amor.
(Mariana Lopes)

Se puder sem medo

Não era o medo do escuro...
É a mente que na penunmbra solitária encontra um campo libertino,
vagando pelos ares sem pudor de si,
retirando as amarras do inconsciente, o qual projeta ilimitadamente a imagem da lembrança nostálgica, afobando meu coração que ressoa na harmonia do desabar do chão.










É. Confesso :
_Tenho medo do escuro oriundo do calar da noite e do falar da dor.






_Por favor, não solte a minha mão até o radiar da aurora.
(Mariana Lopes)

21 de maio de 2011

Quando a mão dele nos leva.

As travessias e travessuras da vida,
as idas e vindas são sempre idas ao horizonte.
A vida é uma predestinação divina, no entanto, há a falta de razão humana que nos incube a criar elos de amor.
Qualquer perda alheia, é uma perda própria.
Em contrapartida, um ganho próprio que expande o coração a fim de imprimí-lo todos os momentos de outrora viventes e , assim, fazer a nostalgia tornar-se presente. A consolação da dor é, pois, o acúmulo de todos os relicários.
Eis a vida, meus senhores:
Uma linha tênue entre os grãos de areia ao blue das nuvens.
Eis o fim desta:
Uma linha eterna de lembrança e puro amor.






Nunca pudera imaginar, quiçá sentir, o que é uma despedida,
não digo desta em que se entra no avião e acenos resplandescem da janela deixando marcas ao vento. Digo do adeus da vida, digo da benção dita ao pé da cama hospitalar e da última troca de olhares adornada por lágrimas e suspiros últimos delirantes.

...

Tu lutaste com o próprio ar pela alegria da vida , deixando a lição da perseverança.
Todavia, as cortinas brancas balançam com o soprar do chamado do Senhor, abrindo-se para a tua chegada na paz, onde a plenitude imperará para o teu desfrute.

10 de maio de 2011

"Vieste com a cara e a coragem com malas, viagens, prá dentro de mim, meu amor"

"Quero fazer contigo o que a primavera faz com as cerejeiras".



(Pablo Neruda)




Quero oferecer a ti a doçura do amargo da cereja,
Quero tocar-te com a rubrica intensidade e delicadeza,
Quero ser a fruta sua sobre a sobremesa
que enfeita a textura de seu paladar com pura regalia
e a qual guardarás, ternamente, sob às setes chaves da promessa
do amor
de infintas primaveras
.
(Mariana Lopes)

8 de maio de 2011

O Amor, o amor, o amor...

...É UMA CERTEZA DIVINA.

(Mariana Lopes)

Dentre todas, a mais bela Flor

Ela me dissera que queria ter nascido uma flor,
Só para ser admirada.
Coitada, mal ela sabia que era
a mais delicada dentre as rosas.
Sua cor é alva, mistura de todas as matizes,
Resplandesce alegria, doçura e bondade.
Eu? Uma semente gerada por essa beleza,
Quiçá um dia fazer-me de tal realeza,
de tal candura.
És a mais bela dentre todas as flores,
A mais bela mãe,
Puro amor, pura doação.

Amo-te muito, além do que qualquer palavra poderá um dia explicitar!
Singelamente,
de sua filha, Mariana.



Felicitações a todas que receberam esse dom de Deus!

25 de abril de 2011

"Não acabarão nunca com o amor...

...nem as rugas,
nem a distância.
Está provado,
pensado,
verificado.
Aqui levanto solene
minha estrofe de mil dedos
e faço o juramento:
Amo
firme,
fiel
e verdadeiramente."
(Vladimir Maiakovski)



"Amores serão sempre amáveis, futuros amantes, quiçá, se amarão sem saber" (Chico Buarque de Holanda)




Nunca ousei prender-me a citações de autores distintos a mim. Todavia, frente a turbulências emotivas, frente a tantos gritos perdidos ao vento, frente a lentidão de minhas pequeninas mãos, eis aí uma autêntica forma de expressão. Deixo apenas a confissão do meu medo do claro e do escuro, deixo apenas o meu silêncio que tanto precisava. Deixo, apenas e tão somente, meu constante juramento à conjugação do amor. (Mariana Lopes)

24 de abril de 2011

Encontros e despedidas

"A rasura que foi feita, foi perfeita na sua hora"




A cada desenlaço choramos mares, entorpecemo-nos, atrofiamos músculos a fim de enleá-lo consoante nossos anseios. No presente, prendemo-nos no passado com o puro objetivo do retorno, eterno retorno. A dor de uma paixão inoportuna é trasbordar-se em pura saudade, em sonhos irrealizáveis, ora, quanto mais impossibilitados, mais devaneamos, mais desejamos. Todavia, qual o objetivo humano senão vivermos só de amor?
Morrer em si de tanto amar é o primeiro sintoma do abandono que desencadeará na esperança e, como conseqüência, na sobra da falta do ser amado, idolatrado.
Dizem que quando estamos apaixonados cegam-se nossos olhos. Mentira! O coração é a visão da alma. Quando estamos desiludidos, perdidos no caminho desencontrado, sim, nossos olhos tampam-se com o martírio da solidão. E a única voz entoante: retorno, retorno, retorno (dele)...



Mas há o tempo. Enganam-se ao pensar que é o remédio para a alma. É a lição da despedida. Num dia atípico ao amanhecer, você, simplesmente, amarra todas as vivências encarceradas em balões de cores que você mesmo pintou e os solta. Da terra, com os pés no chão observa pontos resplandecentes de maturidade sobre o azul.
Todavia, não pensem que se cravar no chão é o começo de uma nova vida na mesma idade, é apenas o início de um fim- pricípio da partida.
Pois, assim, é a vida meus senhores: o eterno retorno. Há a rasura que combina perfeitamente com a origem da composição e quando, finalmente, desvencilhamo-nos de algo, algo já existe e os pés sobre nuvens já dançam. É o eterno compasso do amor que da despedida se faz o encontro.
(Mariana Lopes)

21 de abril de 2011

Raios desentendidos


A moça de cabelos não mais movidos por ventos de girassóis, caminhava pela rua às cansadas, entre vitrines e maniquins, quando deparou-se com um espelho e indagou com certa gota de ultrage:
_ O que são essas olheiras que tanto penumbram minha alma e aprofundam os oblíquos traços delineantes de meu rosto, já não tão singelo?
_ Não olhes para mim, querida dama, sou apenas reflexos de raios desentendidos. Olhes para ti e entenderás- entoou o espelho.






Com os olhos fechados, sorriu.

(Mariana Lopes)

Não mais que quatro meia-vidas


Aquela Senhora de quatro meia-vidas, de juventude lendária, cujos traços estavam sacramentados por cada poeira incubada em sua pele, segurava o rosário com um gesto tão pueril como se aquelas fossem uma de suas últimas horas de ar . Mirava cada pedra como se em suas mãos chumbadas de rugas estivessem cinquenta dias cristalizados. Não apelava por mais vivências, nem rogava por sonhos irrealizados, apenas, chorava pela vida já vivida.

(Mariana Lopes)

15 de abril de 2011

"Sinto a falta dele ...

...como se me faltasse um dente na frente: excrucitante"
[Clarice Lispector]





Ontem traí a mim mesmo. Fui dormir pensando em ti.Esqueci por um momento tentar te esquecer e te quiz. Quis-te em cada segundo dos meus sonhos e ainda te quero em cada milésio da minha vida. Puro sintoma de saudade.
Acabei caindo da cama,num trépido barulho da noite, acordei atônita comigo e mais um delírio de paixão dominava-me. Suava frio de ausência. O sangue que circundava meu corpo adornando-o de vida, incomodava-me como se houvessem grãos de areia transbodando pelos meus glóbulos, raspando em minha pele umidecida.
Custei a acostumar-me, não eram grãos de areia, meu bem; todavia, resquícios de ti que, ainda, preenchem-me.

(Mariana Lopes)

...Confesso que me faltam dentes!

3 de abril de 2011

Cadê o brilho?

Deparar-se com olhos opacos é o sinônimo da saudade que ronda uma alma solitária. É despossuir-se daquele brilho resplandescente e daquela calmaria estampada em seu coração quando o faz de conta que te amo, ainda, era uma convicção indubitável.
Saudade é arrumar a mesa para o café e imaginar-se colocando duas xícaras sobre esta e servindo,esmeradamente, aquele pedaço de bolo quente do forno feito para ele. Saudade é ver as lágrimas hibridar-se às gotas de chuva daquele domingo nublado. Saudade é sentir o abraço apertado e caloroso daquele dia frio por meio da sombra esvaída.
Os dias passam, o amor deposita-se sobre você mesma, as carícias guardam-se a sonhos e esperanças, o chá torna-se o seu calorífero. Os dias passam e você percebe que a sua ausência não doeu no eu dele. Como tal, você também percebe que chegou a hora de, finalmente, sorrir para o espelho.
(Mariana Lopes)





'Nunca mais se viram... e ela nunca mais foi a mesma' .

30 de março de 2011

Veia por veia

Olho para o Sol e rogo. As lágrimas constantes emboloram meus olhos. O coração apouca-se a cada passar na teima de amar uma ingrata paixão . Como se pode lutar contra machados e escudos a pedras? Essa é a batalha da esperança e da saudade contra o tempo. Se pudessem, minhas mãos já o teriam apartado veia por veia. Afinal, jogara-me pela janela subindo os próximos degraus do edíficio da vida e eu ali caída, diminuta de mim, abaixo de qualquer razão, abaixo de qualquer contentamento, fiquei...
...Sozinha ao luar.
(Mariana Lopes)


















"Se tu queres mais saber a fonte dos meus ais
Põe o ouvido aqui na rósea flor do coração
Ouve a inquietação da merencória pulsação"
[Marisa Monte]

25 de março de 2011

É.

Sabem o que mata um homem? A esperança.
Encarcera-o no passado.



(Mariana Lopes)

"Desculpe-me o mesmo gesto, meu constante gesto insano que por mais que a mente negue, o coração ele marcou como a lógica dos fatos que eu traí a todo instante"

25 de fevereiro de 2011

Branca Escurecida

A entrada cheirava a paz. Era um lugar tranquilo, o "bem-vindo" não era dito, mas sentido. Os cômodos de metros reduzidos transmitiam o acolhimento dos abraços enamorados. As paredes, coloridas de um verde folha, emanavam à natureza e os quadros antigos adornavam-as à moda rústica. Cortinas eram desnecessárias, afinal, o Sol fora sempre bem recebido com seus raios impetuosos refletidos nos móveis empoeirados. O vaso repousante sobre a mesa de jantar, que ficava ao lado da sala e em frente ao quarto, tinha uma textura amorosa, suas rosas vermelhas exalavam paixão; talvez, fosse o ser mais vivo que preenchia o vazio da felicidade daquela casa branca escurecida.

...


Enquanto fechava a cerca, seu eu perdido tinha esperança de que uma voz estimada ecuasse lá de dentro- de onde todo a beleza do mundo se esconde- e a reencontrasse. Porém, a única coisas que ouviu foi o som harmonioso e melancólico do molho de chaves.

(Mariana Lopes)

23 de fevereiro de 2011

Seja infinito!



Só espero que, cada vez que meu coração acelerar apaixonadamente, não seja para o acalanto de uma marcha finita.
(Mariana Lopes)

20 de janeiro de 2011

Do vinho para a água

De repente, vi o vinho transfigurar-se em água. Eu olho aquele copo e me recuso a bebê-lo. Sinto um gosto que não me agrada. Estampo anúncios, faço telefonemas, tudo em busca do vinho. Porém, rejeita qualquer contato. O vinho virou água e não percebeu. Voou para o longe e não sentiu ausência. O conhecido torna-se desconhecido. Mas, aí, eu tropeço. Caio de um andar além das nuvens. Tudo virou e revirou em mim. Do avesso tentei equilibrar-me sobre a linha tênue da vida. Maus sentimentos são sempre os primeiros a me invadirem. Fui afundando. Pedi socorro. Num momento súbito de certeza, estendi a mão para aquela que seria a mais conhecedora de mim, para o sinônimo de confiança. Foi quando me surpreendi: A parábola fez-se invertida. Minha mão foi untada junto aos meus pés e, como se não bastasse, pequenas pedras marcaram meu corpo. Não doeram, confirmo. O que me incomodou foi à desilusão de uma relação criada só por mim. Com o tempo, a gente passa a se acostumar com os distanciamentos. Familiarizar-se com as metamorfoses alheias. Somente um ponto de consideração restado por aquele vinho que se tornou um líquido inodoro e insípido; além de algumas lágrimas- pois, ora, qual a finalidade da água senão nos saciar e estancar gotas dos nossos olhos?
Num passe de felicidade, vejo que o telefone vive e que há lembretes, mas estes, agora, destinados a mim. Atendo-os como um sinal de existência. De uma forma amigável, uma voz ecoa preocupada: amor-próprio, querida! Tenha amor-próprio. Deixei o vinho e fui colher as minhas uvas, embriagada.
(Mariana Lopes)

17 de janeiro de 2011

Sorriso íntimo



Olhar-se no espelho e ver o reflexo de seu sorriso é paz interior, é o júbilo de ser quem tu és, é embarcar no trem azul à procura do horizonte e perceber que o começo e o fim do arco-íris são o meu fim e o meu começo. É vestir-se de branco e rutilar todas as cores. É voar na canção do vento e não se cansar. É sentir o gosto do Sol frente ao mais amargo dos sentimentos. Uma vontade imensa de gritar, não pelo sufoco de minhas imperfeições ou pelos enleios nós de minhas veias, todavia, pela opulência da felicidade. É, enfim, poder dizer: Não é excitante viver?
(Mariana Lopes)

13 de janeiro de 2011

Quadro da saudade


Em cada face pinto os teus traços para a alegria de meus olhos e para a calmaria de meu coração que se encontra compresso de tamanha falta e solidão.
(Mariana Lopes)

7 de janeiro de 2011

Silêncio

Tentei me acomodar pelos quatro cantos, minha inquietude me perturbava. A tranqüilidade era leve e instantânea, voava sem o menor pudor de mim. Os suspiros externos, poucos me tomavam. Todo externo é mais insignificante. O estardalhaço era em mim. Havia um grito preso. O grito ficara me batendo dentro do peito. Tentava expelir-se, arranhava minhas cordas vocais como um sopro de vida, mas não havia sobra de ar para encorajá-lo. Todo ar era sugado pelas narinas, fervorosamente, como um desesperado anúncio de quem clama pelo viver. Era uma sentir comprimido que tentava expandir-se. Porém, o que era pra ser vida foi dominado pela cobardia. O grito foi se afogando nas ondas da insegurança. As narinas, cada vez mais, largas à procura de oxigênio. A vida, cada vez mais, acelerada. O que saiu foi, apenas, o rugoso silêncio. Um som desarmônico de palavras sem sentido...



...É pouco, é muito pouco.
(Mariana Lopes)