24 de setembro de 2010

...havia uma Dália




Havia uma Dália no meio da Rua...
No meio da Rua...

Ocasião

O homem é feito de decisões.
Nelas incluem as suas escolhas, ocasiões ou preferências.
As suas escolhas são baseadas nas preferências ou ocasiões.
As preferências , pelas ocasiões ou influências.
E a ocasião? Do que depende?
Somos nós que a fazemos?
Ou somos simples instrumentos desse tempo determinado?
O que se faz quando não é a hora certa nem a pessoa certa ,
Quando as influências sobressaem a suas preferências?
Tenta tornar a situação aceitável?
Mas, e se nem você está a seu favor?
O que fazer?
Como saberemos, não é mesmo?!
É! O homem é limitado, é condicionado.
Sem virtudes e sem fortuna, no dito maquiavélico.

20 de setembro de 2010

Água Vazante

As lágrimas são uma forma explícita do que se sente; que dói e dói.
Mas e quando não há nada em seu interior?
É um efeito artificial de algo feito só para aparências?!
Deve ser a compressão de si sobre si mesma.
O vazamento de alguma essência oculta.

Água, pura água vazante.

17 de setembro de 2010

Caminhada no Lago



"Amar é ter um pássaro pousado no dedo.
Quem tem um pássaro pousado no dedo sabe que,
a qualquer momento, ele pode voar”.
(Rubem Alves)








Prefiro acreditar que meus pequenos dedos podem segurá-lo, ou não.

13 de setembro de 2010

Maldita razão

Acordei e ao abrir meus olhos, subitamente, fechei-os.
Não conseguia olhar para o Sol.
Evitei meu olhar,
Evitei olhá-lo.
Toda proteção era em vão , o Sol me acompanhava .
Minha pele queimava.
Como ardia!
Fui-me derretendo, derretendo...
Ah, como às vezes, eu sinceramente odeio fazer parte dessa tal raça humana - talvez a única coisa que eu consiga não aceitar.
A razão me consome -isso não me agrada.
Como eu queria poder voltar à noite,
Voltar à sombra.
Os raios continuavam a perfurar-me.
Rasgavam-me...
Ardia!
Fui-me derretendo, derretendo...
Maldito Sol!

12 de setembro de 2010

Nada além de algo

Lucia era o tipo de filha adorável, tipo de amiga invejável, estava sempre cercada por colegas, mas eram apenas pessoas. Ninguém a compreendia, nem ela... a ela mesma.
Sua casa era cercada por flores, talvez essa seja a origem de sua doce essência. Á tarde, depois das tarefas e afazeres domésticos, sentava-se debaixo duma árvore, analisava o céu tentando compreender algo da terra. Mas tudo parecia tão distante , as árvores eram grandes, as flores pareciam não aceitá-la no jardim e o céu,longe... Muito longe. A única coisa que queria era algo para a ouvir, não precisava ser um alguém, algo que sentisse a sua falta e não só por quem fosse admirada.
Numa manhã, quando acordou, havia uma plantinha, no meio do campo, voltada para o sol e desde o primeiro momento ela percebeu que aquilo era o algo que ela procurava. Assim, os dias passavam, a plantinha crescia e finalmente tivera a concepção de se sentir a vontade frente a ela, encontrara o algo a mais do que só pessoas. A sensação de ser completada.
A bela garota ia à escola, mas não via a hora de chegar ao seu lar a fim de conversar com o seu pequeno arbusto, sob o ardente calor solar. Estava cada vez mais deslumbrante, cada vez mais alimentado. Era de causar inveja a qualquer flor.
Porém, ao amanhecer de um dia -um dia chuvoso- sua plantinha já não lá estava. Lucia olhou várias vezes para o jardim, na tentativa de lhe faltar visão.Não!
Custava-a acreditar.
Mas ela compreendeu: “Tudo que surge de repente, vai-se de repente. Não sabemos até onde ou quando aquilo nos pertence, talvez algo seja para sempre, porém isso foge a nossa compreensão, escapa das nossas certezas”.
Quiçá tenha sido apenas uma alusão, um desejo explícito.
Nada além de algo.

(Mariana Lopes)

6 de setembro de 2010

Um brinde ao destino

Não sei se é destino, ou mero acaso, ou pura coincidência...
Mas como ele mesmo me disse, há coisas da qual não podemos fugir.
Surge assim, não mais que de repente, com um simples comentário transformado em conversas, encontros e sentimentos.
Será que nossos signos combinam?
Numa tarde nublada, sob o cinzento céu , no banco da praça ele me diz coisas bonitas que se misturaram com o vento e minhas palavras soltas, pouco explícitas, junto as dele, dissolvidas.
Fui-me embora...
Todavia, viro-me para trás e meus olhos ficam perdidos pela rua.
Os olhos que antes ele pedira para desviá-los.
Não o encontro.
O céu faz-se mais escuro; o sol faz-se mais tímido.
Sol, girassol .
Não mais que uma flor , sem perfeição alguma.
(Mariana Lopes)

18 de junho de 2010

Mundos e gotas


Gotas sobre o meu corpo, não são lágrimas, nem chuva, mas é água...tão pura, tão transparente.
Que vontade de permanecer ali, longe ...apartado de todos e de tudo, só, com a água.
Presa com meus sentimentos como numa caverna; todavia, livre, onde eu poderia viver todos os meus sonhos, amores e vícios platônicos...
mas o mundo das ideias me espera, a sociedade me intimida...

Saio, a água torna-se lágrimas, não há mais sol.
Procuro , procuro e só encontro pessoas, mas e as essências?
O mito da vida foi esquecido, os sentimentos e valores permutados.
Tudo está tão sórdido, tão opaco...

Oh mundo inteligível, onde se encontram os humanos, os ditos racionais?

(Mariana Lopes)

28 de março de 2010

Sombras da noite eterna


Á noite tudo parece perfeito, tão fácil, vêem-me àquelas alusões que no momento soam verdadeiras, talvez verdadeiras só a mim. Mas à luz clara do dia desfizeram-nas; voaram como sombras, tudo se tornou tão distante , talvez real.
(Mariana Lopes)

14 de março de 2010

Certezas incertas

"Gosto de certezas certas,
De atitudes concretas,
Palavras são muito abstratas.
A única incerteza que compreendo é a minha,
Mas essa existe pelos fatos decorrentes.
De mim, sei o que quero;
Dos outros, nem sei quem são,
Muito menos o que realmente querem de mim.
Gosto de olhar o céu
e admirar a Lua, as Estrelas...
Gosto da música ao fundo,
Da melodia que me preenche.
Gosto de seu toque,
mas está cada vez mais distante...
A minha mão, sem a tua, já se encontra perdida.
E minha única certeza é o que sinto.
O resto são inconstâncias ."
(Mariana Lopes)

Meus olhos

Ah os meus olhos,
Tão pesados, tão profundos
Como um poço sem fundo .
Atentos ao mínimo movimento alheio,
Minucioso aos detalhes.
Mas basta um fluído percorrendo as finas veias desse corpo, antes esquecido,
Para se fecharem ao mundo.
Tudo passa a viver aqui, bem aqui.
Dentro de mim e mais nada.
(Mariana Lopes)
É tão difícil falar e dizer coisas que não podem ser ditas. É tão silencioso. Como traduzir o silêncio do encontro real entre nós dois? Dificílimo contar. Olhei pra você fixamente por instantes. Tais momentos são meu segredo. Houve o que se chama de comunhão poerfeita. Eu chamo isto de estado agudo de felicidade.
( Clarice Lispector)

Definição do eu


Procurei a definição no dicionário , quiçá por não poder me definir ou mera indiscrição ,e essa me agradou : um modo de existir . Cada qual existi a seu modo; o meu , tento traçar com o passar dos dias. Fujo do presente ,por pura incompatibilidade da tal realidade, para um passado idealizado ou um futuro utópico e lembro-me desse dito de mesma autoria : “Passado virou futuro , o futuro presente , e o presente ficou ausente com algumas nostalgias do passado.Antes do ontem vem o depois, quem é se preocupa com o que já foi ? Se as conseqüências chegarão amanhã. Quem se importa com o agora , se o tempo já passou? Tudo passa , tudo chega .O sol se põe e nasce a Lua.”
Olho pela janela e ,verdadeiramente ,a Lua lá está com suas belas estrelas confirmando a realidade .Todavia, buscarei perpetuamente por uma auto definição seja no ontem , no hoje ou no amanhã.
(Mariana Lopes)

O mar da vida

Somos simples areias movidas pelo vento,
Às vezes, nos levam longe, nos aproximam...
Voltas e voltas pelo mar...
Fim e recomeço,
Esperanças e desilusões
Persistência...
Tropeço sem volta,
Fim e fim.
A areia se desfaz,
E o mar vira céu.
(Mariana Lopes)

Solidão acompanhada

Sozinha, sozinha, sozinha
Sempre ao lado, nunca junto.
Mas não me sinto só, sinto-me distante.
Longe, longe, longe...
Uma casa pouco visitada.
Meu eu, meu Deus e o abraço materno fazem-me companhia
Mas os outros, não há os outros...
Somente eu.
Lá no canto, com um livro na mão.
(Mariana Lopes)

Lembranças

Surge do nada, comentários vão-se , conversas vem-se junto algumas belas melodias e convencem...o coração já a mim não mais pertence. Um doce e mais meras palavras com as mão entrelaçadas , andamos sob o céu azul e aquele sorriso dentro de mim, era felicidade querendo sair.Foi bom até aí , depois ... alguns dias se passaram com mais algumas palavras até que minha ausência é substituída por recados desconhecidos, desconhecidos de mim, tento fechar e abrir os olhos novamente, mas não estou sonhando, ou melhor, tudo que ocorreu antes era um sonho, uma ilusão, agora a realidade ressurgiu...doeu.
Não queria explicações , mas soube os motivos sinceros, e foi-se ...
O meu novo e velho amor foi embora e eu fiquei.
Meu coração ainda não se acostumou com a ideia de que nossos olhos nunca mais se cruzarão, pois os dele tomaram outra direção ... E os meus , olham para todos os lados, e não acham o que meu coração teima em procurar. Está longe, longe de mim ...longe da minha visão...do meu coração.
(Mariana Lopes)