7 de janeiro de 2011

Silêncio

Tentei me acomodar pelos quatro cantos, minha inquietude me perturbava. A tranqüilidade era leve e instantânea, voava sem o menor pudor de mim. Os suspiros externos, poucos me tomavam. Todo externo é mais insignificante. O estardalhaço era em mim. Havia um grito preso. O grito ficara me batendo dentro do peito. Tentava expelir-se, arranhava minhas cordas vocais como um sopro de vida, mas não havia sobra de ar para encorajá-lo. Todo ar era sugado pelas narinas, fervorosamente, como um desesperado anúncio de quem clama pelo viver. Era uma sentir comprimido que tentava expandir-se. Porém, o que era pra ser vida foi dominado pela cobardia. O grito foi se afogando nas ondas da insegurança. As narinas, cada vez mais, largas à procura de oxigênio. A vida, cada vez mais, acelerada. O que saiu foi, apenas, o rugoso silêncio. Um som desarmônico de palavras sem sentido...



...É pouco, é muito pouco.
(Mariana Lopes)

Um comentário:

  1. No altar da beleza (triste) o silêncio é ofertada como reverência e devoção. Bjs!

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