22 de junho de 2011

O clamor dos lábios

"Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita,
e o beijo tácito, e a sede infinita"
(Carlos Drummond de Andrade)




A mim,
é de tanto agrado quando, entre conversas corriqueiras feitas pra selar o dia, nossos lábios vão vagarosamente- todavia, ardentemente- suavizando-se.
Uma palavra, um toque; uma palavra, um deleite...Como num súbito estranhamento de quem já se conhece, mas precisam reconhecer-se; apalparem-se com a finalidade do aguçamento pertencente aos dois amantes e únicos entendedores.
Até que tais vocábulos sucumbem ao poder da paixão impetuosa e esquecidos são, para o momento em que os lábios , em plena brandura, não mais se clamarem.
(Mariana Lopes)

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