12 de setembro de 2010

Nada além de algo

Lucia era o tipo de filha adorável, tipo de amiga invejável, estava sempre cercada por colegas, mas eram apenas pessoas. Ninguém a compreendia, nem ela... a ela mesma.
Sua casa era cercada por flores, talvez essa seja a origem de sua doce essência. Á tarde, depois das tarefas e afazeres domésticos, sentava-se debaixo duma árvore, analisava o céu tentando compreender algo da terra. Mas tudo parecia tão distante , as árvores eram grandes, as flores pareciam não aceitá-la no jardim e o céu,longe... Muito longe. A única coisa que queria era algo para a ouvir, não precisava ser um alguém, algo que sentisse a sua falta e não só por quem fosse admirada.
Numa manhã, quando acordou, havia uma plantinha, no meio do campo, voltada para o sol e desde o primeiro momento ela percebeu que aquilo era o algo que ela procurava. Assim, os dias passavam, a plantinha crescia e finalmente tivera a concepção de se sentir a vontade frente a ela, encontrara o algo a mais do que só pessoas. A sensação de ser completada.
A bela garota ia à escola, mas não via a hora de chegar ao seu lar a fim de conversar com o seu pequeno arbusto, sob o ardente calor solar. Estava cada vez mais deslumbrante, cada vez mais alimentado. Era de causar inveja a qualquer flor.
Porém, ao amanhecer de um dia -um dia chuvoso- sua plantinha já não lá estava. Lucia olhou várias vezes para o jardim, na tentativa de lhe faltar visão.Não!
Custava-a acreditar.
Mas ela compreendeu: “Tudo que surge de repente, vai-se de repente. Não sabemos até onde ou quando aquilo nos pertence, talvez algo seja para sempre, porém isso foge a nossa compreensão, escapa das nossas certezas”.
Quiçá tenha sido apenas uma alusão, um desejo explícito.
Nada além de algo.

(Mariana Lopes)

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