24 de abril de 2011

Encontros e despedidas

"A rasura que foi feita, foi perfeita na sua hora"




A cada desenlaço choramos mares, entorpecemo-nos, atrofiamos músculos a fim de enleá-lo consoante nossos anseios. No presente, prendemo-nos no passado com o puro objetivo do retorno, eterno retorno. A dor de uma paixão inoportuna é trasbordar-se em pura saudade, em sonhos irrealizáveis, ora, quanto mais impossibilitados, mais devaneamos, mais desejamos. Todavia, qual o objetivo humano senão vivermos só de amor?
Morrer em si de tanto amar é o primeiro sintoma do abandono que desencadeará na esperança e, como conseqüência, na sobra da falta do ser amado, idolatrado.
Dizem que quando estamos apaixonados cegam-se nossos olhos. Mentira! O coração é a visão da alma. Quando estamos desiludidos, perdidos no caminho desencontrado, sim, nossos olhos tampam-se com o martírio da solidão. E a única voz entoante: retorno, retorno, retorno (dele)...



Mas há o tempo. Enganam-se ao pensar que é o remédio para a alma. É a lição da despedida. Num dia atípico ao amanhecer, você, simplesmente, amarra todas as vivências encarceradas em balões de cores que você mesmo pintou e os solta. Da terra, com os pés no chão observa pontos resplandecentes de maturidade sobre o azul.
Todavia, não pensem que se cravar no chão é o começo de uma nova vida na mesma idade, é apenas o início de um fim- pricípio da partida.
Pois, assim, é a vida meus senhores: o eterno retorno. Há a rasura que combina perfeitamente com a origem da composição e quando, finalmente, desvencilhamo-nos de algo, algo já existe e os pés sobre nuvens já dançam. É o eterno compasso do amor que da despedida se faz o encontro.
(Mariana Lopes)

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