21 de abril de 2011

Não mais que quatro meia-vidas


Aquela Senhora de quatro meia-vidas, de juventude lendária, cujos traços estavam sacramentados por cada poeira incubada em sua pele, segurava o rosário com um gesto tão pueril como se aquelas fossem uma de suas últimas horas de ar . Mirava cada pedra como se em suas mãos chumbadas de rugas estivessem cinquenta dias cristalizados. Não apelava por mais vivências, nem rogava por sonhos irrealizados, apenas, chorava pela vida já vivida.

(Mariana Lopes)

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